Como sabemos o longa "Confissões de Adolescente" estará nas telonas em breve ! o best seller que deu origem a serie de Sucesso de mesmo nome ,agora ganhou um filme que será dirigido por Daniel Filho e será protagonizado por Sophia Abrahão promete , veja a matéria que o site 'O Globo' publicou sobre o longa:
RIO – Fenômeno nos palcos, best-seller nas livrarias e sucesso de audiência na TV, “Confissões de adolescente”, originada no teatro, em 1992, com a montagem dos diários da atriz Maria Mariana, vai desbravar agora mais uma fronteira pop: o cinema. A história chega à telona até dezembro, sob o comando de Daniel Filho, que, entre 1994 e 1996, dirigiu o seriado inspirado nos textos de Mariana, exibido pela TV Cultura e pela Band. Aos 75 anos, o realizador de blockbusters como “Se eu fosse você” partes I (2006) e II (2009) toca há dez dias as filmagens do longa-metragem, baseadas no Polo do Audiovisual, em Jacarepaguá, em codireção com Cris D’Amato, sua assistente de longa data.
— Hoje, todo mundo fala em produção independente para a TV, em vender um projeto de série para um canal. Quando eu fiz “Confissões…”, rodando 22 episódios em dois meses e meio, de um jeito meio marginal, com jovens desconhecidas, ninguém sabia o que era isso. Mas, desde aquela época, ficou em todos nós o desejo de contar aquela história no cinema — diz Daniel, que chamou o cineasta de 24 anos Matheus Souza (“Apenas o fim”) para escrever o roteiro do longa, chamado “Confissões de adolescente — O filme”. — Ele é um camarada que está mais próximo das sensações da juventude de hoje — afirma, referindo-se ao autor que, em 2009, também dirigiu uma versão da história, mas para o teatro, tendo no elenco Sophie Charlotte, Louise D’Tuani e Isabella Camero.
No set, cenografado por Marcos Flaksman, Cássio Gabus Mendes vive o pai das protagonistas, Tina, Bianca, Alice e Carina, vividas por Sophia Abrahão (21 anos); a mesma Isabella, hoje Bella Camero (20), da peça de Matheus; Malu Rodrigues (19); e Clara Tiezzi (13).
— A gente é da geração do Facebook. Nenhum jovem está 100% em um lugar só. Esteja onde estiver, sempre chega uma mensagem no celular, envolvendo a atenção. Mas isso não faz a gente se sentir menos só, não acaba com a solidão. É disso que “Confissões…” fala, até hoje — diz Clara, a mascote da trupe do longa, cujas filmagens seguem até o fim de maio.
Sentimento igual, apesar da internet
Novatas no cinema, todas têm experiência prévia de atuação. Sophia esteve no elenco de “Malhação”, na TV Globo, e “Rebelde”, na Record. Isabella fez séries globais como “Ger@l.com” e “Louco por elas”. Malu foi a Dorothy do musical “O mágico de Oz”, da dupla Claudio Botelho e Charles Möeller. E Clara integrou o elenco da novela “Ti-ti-ti”, (2010), também na Globo.
— Em qualquer época, em qualquer lugar do mundo, os sentimentos típicos da adolescência são os mesmos, ainda que a internet hoje tenha tornado certas descobertas mais fáceis — diz Isabella, que nasceu quando o elenco da primeira montagem teatral de “Confissões de adolescente” despontava para o estrelato, no porão da Casa de Cultura Laura Alvim, sob a direção de Domingos Oliveira, pai de Mariana.
Sob o comando de Domingos, entraram em cena, há 21 anos, as então iniciantes Ingrid Guimarães, Carol Machado, Patrícia Perrone e a própria Mariana. Em pequenos monólogos, cada uma retratava um universo de espinhas, hormônios à flor da pele e descobertas sexuais e afetivas que, em três anos, atraiu 200 mil pagantes — hoje, dezenas de montagens depois, esse número beira 1 milhão.
— Naquela época eu havia me afastado da Globo e estava idealizando um seriado chamado “Homem”, com o Euclydes Marinho e o Domingos, que me disse assim: “Minha filha está com uma pecinha lá na Laura Alvim”. Eu fui ver e caí em prantos — lembra Daniel, que, na TV, apostou em outro elenco.
Mariana, Georgiana Góes, Daniele Valente e Deborah Secco protagonizavam a série, igualmente cultuada, como comprovam as dezenas de comunidades a ela dedicadas nas redes sociais.
— Quando arquitetei o filme, eu não estava atrás de uma nova Deborah, uma nova Georgiana… Eu queria um time com a sua própria identidade, capaz de retratar o que existe de universal e de particular nesse período das nossas vidas, cheio de dúvidas e de energia, que vai dos 13 aos 20 — diz Daniel.
As quatro atrizes da série também foram escaladas para o longa, em papéis coadjuvantes.
— Acho que “Confissões…” marcou não só uma geração, mas toda a forma de a juventude se posicionar — diz Deborah Secco, estrela de “Bruna Surfistinha” (2011), que hoje, aos 33 anos, reconhece ter iniciado sua carreira televisiva na série.
Mariana, além de atuar no filme, no papel de uma advogada, dirige um documentário sobre a história multimídia de “Confissões de adolescente”, cujo livro, editado meses após a estreia da peça, vendeu 200 mil exemplares. Ela lembra que “Confissões” lhe deu a oportunidade de ter muitas primeiras vezes:
— Foi minha estreia como autora, meu primeiro sucesso, minha primeira vez como atriz no exterior, com as montagens fora do Brasil. E agora, com uma filha adolescente, “Confissões…” marca minha estreia como cineasta — diz a atriz, hoje com 40 anos, mãe de Clara (13 anos), Laura (11), Gabriel (9) e Isabel (6).
A proposta de Mariana é que sua investigação documental acompanhe todas as etapas do filme de Daniel e chegue às telas junto com o longa dele.
— Só entre 1992 e 2000, 27 atrizes encenaram o texto. Com o documentário, eu quero abordar os 20 anos de uma marca que simboliza a adolescência brasileira através dos tempos. Quando a peça estreou, ela apresentava aos jovens dos anos 1990 o que eu vivia e pensava nos anos 1980. Agora, esse mesmo texto estará conversando com jovens dos anos 2010 — diz Mariana, enquanto perambula pelo set de “Confissões” com uma microequipe, sob as bênçãos do diretor.
Durante as filmagens, Daniel Filho mantém em sigilo a versão integral do roteiro.
— Cada atriz só recebe o trecho que vai interpretar no dia, para preservar a espontaneidade — diz o diretor, que desenvolve o filme por sua produtora, a Lereby.
Antes de chegar à versão atual do script, Daniel pensou em fazer o longa abordando a vida adulta das protagonistas da série. Representaria a adolescência a partir da relação delas com suas filhas ou enteadas. Mas acabou preferindo regressar à gênese do texto de Mariana no longa (de orçamento não divulgado) que finaliza até outubro para a distribuidora, a Sony Pictures.
— Embora tenha humor, “Confissões de adolescente” não será uma comédia, e sim um olhar mais sério sobre uma fase marcada por ritos de passagem. Há um filme clássico sobre a adolescência que é um bom parâmetro: “Conta comigo” (dirigido por Rob Reiner e lançado em 1986), no qual garotos de 13 anos veem o corpo de um amigo morto e daí começam a amadurecer — diz Daniel, afastado da tela grande desde 2010, quando lançou “Chico Xavier”, visto por 3,4 milhões de espectadores.
Com planos para filmar o livro “O silêncio da chuva”, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, o diretor atribui seu interesse atual em falar da puberdade ao desejo de retratar “um período em que somos bombardeados de perguntas”.
— Não existem respostas. Apenas conceitos, valores, emoções, que não mudaram dos anos 1990 para cá — diz o cineasta. — O que mudou mesmo foi a tecnologia. Quando fiz a série na TV, usávamos película 16 mm. Hoje, o digital facilita o trabalho.
Fonte: O Globo